jueves, 27 de septiembre de 2007

2 poemas 2 de Pablo Antonio Cuadra

LA NOCHE ES UNA MUJER DESCONOCIDA

Preguntó la muchacha al forastero:
¿Por qué no pasas?
En mi hogar está encendido el fuego.

Contestó el peregrino:
Soy poeta, sólo deseo conocer la noche.

Ella, entonces, echó cenizas sobre el fuego
y aproximó en la sombra su voz al forastero:
-¡Tócame! -dijo-. ¡Conocerás la noche!

De El jaguar y la luna, 1958 -1959


ABUELO, EN LA NOCHE

Esta es la casa que he perdido
habito en ella en sueños
y no quisiera hablar de ella
después que todo ha sido consumado.
Mis hijos han edificado sus casas en Babilonia
y yo atravieso el desierto para pasar veladas con ellos
escuchando afuera, al borde de la puerta impotente
el ruidoso río de automóviles que filtra sus aguas turbias en el umbral.

Hablamos de esto y de lo otro en la apretada salita
como conspiradores bajo el sofocante
y ordenado itinerario de los relojes
porque todos trabajan, duramente,
invirtiendo su vida en el negocio de perderla
y llegan llenos de cifras como los carpinteros de virutas
fatigados de información. Entonces, si yo recuerdo
si fácilmente caigo en las viejas historias
si abro para ellos las puertas de la casa
abren los ojos y me reconfortan con su alegría
-piensan tal vez que es posible el retorno-
porque ellos vivieron, ellos nacieron
y se criaron en la casa que perdimos
en la vieja casa grande junto al río
donde yo vuelvo ahora
donde yo vuelvo siempre
apenas cae un poco de sueño en mis ojos vacíos.

De Esos rostros que asoman en la multitud, 1963 - 1967)
Pablo Antonio Cuadra

sábado, 22 de septiembre de 2007

¿Quién es el ignorante?

¿Quién es el ignorante que mantiene que la poesía no es indispensable a los pueblos? Hay gentes de tan corta vista mental, que creen que toda la fruta se acaba con la cáscara. La poesía, que congrega o disgrega, que fortifica o angustia, que apuntala o derriba las almas, que da o quita a los hombres la fe o el aliento, es más necesaria a los pueblos que la industria misma, pues ésta les proporciona el modo de subsistir, mientras que aquélla les da el deseo y la fuerza de la vida.

José Martí
Ensayos sobre arte y literatura

viernes, 21 de septiembre de 2007

La ficción es una rica complejidad, John Cheever

“Lo que suelo decir es que la ficción no es cripto-autobiográfica: su esplendor reside en que no es autobiográfica. Tampoco es biográfica. Es una rica complejidad de autobiografía y biografía, de información –información fáctica, información espiritual, aprehensión. Consiste en reunir elementos dispares en algo que corresponde a una estética, una moral, un sentido de adecuación.”

John Cheever. / En una entrevista a Sequoia, revista literaria de la Universidad de Stanford, 1976, citada en el prólogo de George W. Hunt a Thirteen Uncollected Stories, 1994, Academy Chicago Publishers. Versión en español: El hombre al que amó y otros cuentos dispersos. punto de lectura, julio 2007. Traducción de Magdalena Holguín.

jueves, 20 de septiembre de 2007

Seducción. Desnudo. Elkin Restrepo.

Seducción

Y todo aquello,
los besos, los abrazos,
el delicado aroma
que te distinguía entre las otras,

si poco o nada significaron
¿por qué presta ahora
su emoción a estos versos?

No era una suerte común
la que nos esperaba,

de hecho una vez pasó
aquella tarde amorosa,

cada cual tomó por su lado
y fue al encuentro
de su verdadero amor.

¿Su verdadero amor?

Dejamos de avistarnos.

Después llegó el olvido
(que vence siempre
en su lucha
por atarnos a otras cosas),

hasta hoy
cuando la realidad del poema
me devuelve
a la ilusión de tus brazos.


Desnudo

Tu cuerpo desnudo
como un joven planeta
de cáscaras sonrosadas
y horas amarillas

(sumiso al ardor
que le da forma
y lo vuelve flor y duna).

Para que no se marchite,
el día lo ata
a sus húmedas
cárceles de deseo.

Tu cuerpo,
convertido de repente
en caídos
pétalos de luna.

De La visita que no pasó del jardín (2002)
Amores cumplidos (Antología, 2006)
Elkin Restrepo

martes, 18 de septiembre de 2007

Rubem Fonseca e seu duplo

Rubem Fonseca e seu duplo
Novo romance joga com fama de autor arrediode
Cláudia Nina. Jornal do Brasil, 12/4/03

Enquanto Rubem Fonseca se esforça ao máximo por parecer invisível, fugindo de câmeras e entrevistas, seu duplo, o narrador que lhe serve de alter ego em muitos de seus livros, é indisfarçavelmente um narcisista profissional. Não é novidade dizer que a literatura do autor reflete sobre si mesma (ela também narcisista) e nem que o narrador-personagem inúmeras vezes escreve enquanto é escrito. Também não é novidade que Rubem Fonseca goste de se repetir a cada nova obra. O diário de um fescenino, o mais recente romance, é mais um exemplo de tudo isto: o livro dentro do livro, a reflexão sobre a própria escrita, o narrador exibido e os elementos de sempre - o grotesco, muito sexo, crimes e suspense.
A repetição não diminui em nada a obra. Comparações com livros mais elaborados do autor, como Agosto, Vastas emoções, Bufo & Spallanzani, A grande arte, entre outros, parecem desnecessárias. O que importa é que Rubem Fonseca está de volta. Não aos contos, mas com um texto que faz a mistura de romance e diário. Ou um romance em forma de diário. É bom demais reencontrar aqui o que já se viu antes e reconhecer o traço, as tiradas geniais, o humor e a total liberdade em se mostrar - o narrador, não o autor - despuradoramente no centro de suas próprias atenções. Explica-se por que o narrador e não o autor: O diário de um fescenino, antes de ser algo semelhante às confissões de um sedutor ou às memórias de um obsceno, é uma ardilosa reflexão sobre o autor e os seus duplos; sobre os limites da ficção e a intromissão da arte literária na vida de quem a cria, da própria ficção como rede, em que personagens e criadores parecem atados num mesmo nó.
Quem escreve é Rufus (qualquer relação com o nome do autor é mera distração), escritor de livros sem diálogos, pois, como defende, ''o diálogo é sabidamente um recurso de escritores medíocres''. Um alter ego impiedoso, ingrato e irônico com seu criador, pois raros escritores são tão bons e convincentes nos diálogos como Rubem Fonseca. Ao escrever o diário, Rufus tenta exercitar esse ''pobre recurso'', contando um pouco do que lhe acontece numa rotina povoada de mulheres e traições. Os detalhes calientes dos encontros amorosos ganham, como sempre, um infalível tom de humor perverso, como nos momentos em que descreve os corpos das amadas: ''Henriette me esperava com uma lingerie que imaginava sedutora. Odeio esse tipo de roupa íntima consagrada pela moda e pela mídia, com rendinhas, enfeites, modelos que pretendem ser instigantes deixando um pedaço de bunda de fora, logo a parte mais feia, aquela com sua dobrinha frouxa.(...) A bunda perfeita é uma raridade.''
Mas o diário é só superficialmente o relato de um itinerário amoroso de um cabotino ''espalhador de sementes'', como ele se auto-define. Na verdade, Rufus planeja escrever um Bindungsroman, um romance de formação, algo muito mais nobre e importante do que aquele ''diário chinfrim''. Enquanto o tal romance não acontece, porém, é a confissão mesma que se desenrola. Entre um encontro sexual e outro, Rufus crava uma adaga afiada no escritor-mito e nos responsáveis pela idolatria aos autores. ''Idealizam o idiota que escreve, se apaixonam por um mito, esperam que ele realize seus delírios alegóricos. Os escritores são maus amantes, maus amigos, má companhia.'' Ao mesmo tempo em que utiliza frases de seus próprios livros ao se aproximar das mulheres, tenta se afastar do que escreveu. ''Nada tenho a ver com as coisas que são ditas nos meus livros.''
A reflexão vai ficando mais complexa à medida que Rufus se torna vítima de uma cilada e é acusado de crime de estupro (entra em cena o romance policial) e sua ficha literária recai sobre ele, pois os policiais e os juízes o acusam com base nos delitos sexuais que cometeu enquanto autor de suas histórias. Rufus acusa leitores e críticos de sofrerem de uma doença: a síndrome de Zuckerman, em referência ao personagem de Philip Roth e ao fato de muitos leitores associarem o narrador não apenas a um provável alter ego, mas ao próprio autor, responsável, por transferência, pelos mesmos atos de seus personagens. Rufus dá um recado especial aos críticos: ''Todo leitor padece desse mal, mesmo aquele que tem como profissão a crítica literária.''
Repleto de citações, pinçadas de outros autores que também fizeram suas confissões, reais ou fictícias, O diário de um fescenino é sobretudo um delicioso diálogo entre obras, biografias, personagens e autores duplicados pela escrita. Cotidiano e imaginação: onde termina um e começa o outro? A resposta vem do próprio Rufus: ''Quanto a mim, se não uso a minha imaginação, como neste instante, e falo apenas da realidade, estou sendo simplesmente o rabiscador de um diário, um registrador cotidiano e fidedigno de uma jornada de ocorrências, experiências e observações. Não sou um verdadeiro autor, ao escrever este diário. Literatura é imaginação.''
É claro que um livro de Rubem Fonseca que se preze tem sempre um caso policial no meio. E o narrador-personagem em questão acaba muito enrolado num desfecho crucial. O mais interessante em tudo isso, e o que consagra afinal um autor de estilo próprio, é a capacidade de enredar história e reflexão sem perder um segundo o controle do texto, num comando enxuto e irônico que marca toda obra. Sem firula. Mas também hábil nas palavras para não cair num simplismo frio e distante.
A desconstrução do gênero policial, questionando a própria narrativa ao mesmo tempo em que é escrita, uma das assinaturas de Rubem Fonseca, faz sua literatura duplicar-se, num requintado espelhamento. Mas não só a obra. É o paradoxo do narcisismo: enquanto o autor real mantém-se oculto, arredio e invisível, seus livros fazem o inverso ao homenagearem a si mesmos. Rubem Fonseca é, portanto, um autor duplicado.

Nadie camina solo. Julio Scherer García

Nadie camina solo
Julio Scherer García
México, D. F., 12 de mayo de 2003

No tengo recurso para responder a la generosidad del jurado aquí presente. Tampoco palabras para expresar la gratitud colectiva, la de mis compañeros y la mía, por la presencia de todos ustedes. Ocurre lo de siempre: para las ideas existen adverbios y adjetivos precisos, no para las emociones. Su universo es mágico. Sobre el premio a la trayectoria, debo decir: nadie camina solo. Un destino que no fuera común carecería de sentido.
Preparé unas cuartillas. Confío en que habré de leerlas con naturalidad:
Padecemos tiempos de zozobra. La brutalidad quedó suelta y el horror la acompaña. Los gobiernos de Estados Unidos y Cuba entregan cuentas lamentables. Entre Washington y La Habana, nuestra diplomacia no atina con una política certera. La parálisis que la aqueja me lleva de manera natural a la estampa de los boxeadores que bajan la guardia y dejan descubierto el mentón.
No existe proporción entre la furia genocida en Irak y el paredón siniestro en Cuba. Tampoco entre la muerte de miles que se mira con el frío de la distancia y el duelo personal e intransferible de los familiares y amigos entrañables. En Irak fueron asesinados niñas y niños tocados con la gracia de vivir. En la isla se entretejen viejas historias y agravios de años. No hay excusa para la muerte decretada desde arriba, el crimen del poder, pero sí grados de responsabilidad histórica, política y humana.
Bush y Castro viven la razón de Estado como eje y razón de su política. La ética, la moral pública de la que todos participamos, para ambos quedó perdida en algún sarcófago. Pero sus diferencias los llevan a polos opuestos. Bush se ha preparado para agredir a quien se le ponga enfrente y Castro, dictador implacable, noche a noche se prepara contra el bloqueo y sus consecuencias mayores. Bush legitima la violación territorial y Castro jura que sus ojos caribeños no verán jamás la belleza infinita de Cuba en las manos aborrecidas del imperio. Castro, indómito, vive en el riesgo extremo y Bush diseña su estrategia entre misiles invencibles.
Castro mantiene enhiesta la bandera de la dignidad soberana, pero a fuerza de vendavales, como el paredón abominable, la estrella solitaria podría desprenderse del mástil. Aun si esto ocurriera y a sabiendas de que el comandante arroja piedras contra la gloria, no podría desconocer que me hizo soñar y que los sueños, como los amores tienen vida eterna. A nadie daña la utopía de una América Latina soberana y dueña de sus tesoros.
Frente a los amagos que se barruntan -el Departamento de Estado condena una vez más a Castro, aberrante lo llama ahora- pienso que a Fidel le asiste la última razón, definitiva: si en Cuba quedara un último cubano vivo, de él sería la isla.
En México, el presidente Vicente Fox y el canciller Ernesto Derbez fueron explícitos a favor de la paz e implícitos en la condena de la guerra. La guerra y la paz son palabras rotundas y su binomio es indestructible en la unidad de los contrarios. No es válido mencionar una palabra y omitir la otra. Allá en Nueva York, durante los días de discusión entre los vencedores obvios y sus adversarios, todos sabíamos lo que iba a ocurrir. En el primer segundo, la sola bandera blanca de la paz quedó salpicada de sangre.
Nada se agradece como la claridad, sin la cual no hay argumento que se sostenga y nada fortalece tanto como una posición que se asume y defiende con ánimo decidido. No es nuestro caso. La diplomacia mexicana persiste en la ambigüedad. Hoy pagamos las consecuencias del empeño por ocupar una silla en el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas. Los resultados están a la vista: el gobierno queda mal con uno y con otros, y lo ha hecho reiteradamente en nuestro nombre.
El mundo se ha endurecido y pienso que el periodismo habrá de endurecerse para mantenerse fiel a la realidad, su espejo insobornable. Si los ríos se enrojecen y se extienden los valles poblados de cadáveres víctimas del hambre y la enfermedad, así habrá que contarlo con la imagen y la palabra. Muchos no lo consideran así. En estos días he escuchado censuras por la manera como "Proceso" hizo sentir el escalofrío que nos llegó desde Irak. Cito un ejemplo:
Mis compañeros fijaron en la portada de la revista un cuadro bello y terrible. Se trata de una niña que parece soñar, apacible el rostro, pero su cuerpo está incompleto. Sin los pies, las piernas inútiles llevan metafóricamente a la pesadilla.
Personas cercanas, algunas muy queridas, me dijeron que nos entregábamos al morbo, a la seducción del horror, a la enfermedad amarilla. El mundo es más que "eso", reclamó una de ellas. Por supuesto que el mundo es más que "eso", repuse. Es el amor con mayúsculas, la sensualidad también con mayúsculas, la creación incesante, el bienestar ganado a pulso, la dicha que anda por ahí y habrá que atraparla, la muerte benévola. Pero subrayé que en el momento de la masacre en Irak, el mundo era sólo "eso", la niña cercenada.
Traje a cuento la inocencia de un pequeño judío polaco que levanta los brazos frente a los SS de Hitler; recordé a la vietnamita que huye del napalm, desnudo su cuerpo infantil y desnudo su pavor. Argumenté que fotografías cómo éstas caracterizan una época y que a la criatura de nuestra portada le estaba reservado igual destino.
Este tiempo, el del presidente Fox, dio el tiro de gracia al "Día de la Libertad de Prensa". Se trataba, bien lo sabemos, de un autohomenaje cínico del poder.
Los periodistas se reunían con el primer magistrado y lo invitaban a un festejo por las libertades de que disfrutaba el país, la primera, la expresión sin cerrojo. El presidente priista aceptaba, gustos. En los discursos, los periodistas hablaban de la luz refulgente de la prensa libre y el mandatario respondía con su reconocimiento a los comensales, hombres y mujeres de bien, hombres y mujeres de México.
Como a muchos, no me cabe el regocijo por el fin del espectáculo deprimente. Sin embargo, me parece que nada compensa el desdén del actual presidente de la República por la cultura y la palabra escrita. Su diálogo con una mujer campesina, analfabeta, a la que felicita por su ignorancia, que la aparta de los sinsabores que traen consigo los periódicos, debería quedar inscrito en alguna plaza pública para vergüenza de todos.
Me parece que el presidente se excede en su confianza por el embrujo de la televisión.
Me duele decirlo: un gobierno que se valora por su imagen, es un gobierno frívolo.
Pesadas tareas nos esperan a los periodistas. Ésta es nuestra pasión.
(*) Discurso pronunciado Julio Scherer García al recibir el premio a la trayectoria periodística que le otorgó el Consejo Ciudadano del Premio Nacional de Periodismo, el 7 de mayo de 2003. Scherer García fue director del periódico Excélsior y de la revista Proceso. Actualmente es presidente del Consejo de Administración de Comunicación e Información, S. A.

Lecturas en el puente (otra vez)

Por Ramón Illán Bacca

Algunos escritores amigos me reprochan que no comente sus libros. Estoy de acuerdo. Publicar un libro y que lo acompañe el silencio es muy doloroso. Tengo algunos en mi biblioteca que me exigen una mirada más atenta. Al ojearlos confieso que la primera frase es decisiva para continuar con su lectura. “Los gordos viven menos pero comen más”, leo en el libro de un autor polaco que me han prestado. Lo leeré después.

Una pariente lejana, Luz Enith Torres Rangel, me ha mandado su primera novela, Estelas. Empiezo a leerla. Un apunte sale del ejemplar que tengo en mis manos y dice “¿Qué es el encanto? Lo que hace que un hombre te pida el teléfono y una mujer el número de tu modista”, esto va bien.

Estoy arrepentido de no haber comprado un libro de Francisco Umbral, recientemente fallecido, en una librería de segunda. Pero la frase de arrancada era sintomática. “El cine es mejor que la vida. Porque en la vida ganaba Franco y en el cine, a veces, Gary Cooper”.

En la misma librería encontré una antología de poesía griega. “Pasa el dulce jarro elaborado con la tierra que me engendró, y a la cual habré de sustentar un día”. Nos dice Simónides. No lo compré en ese momento, ahora estoy arrepentido.

Decido buscar los libros que tengo en el batallón sagrado esperando su lectura tantas veces diferida. Extraigo de mis estantes Amor en grupo, del nadaísta Humberto Navarro alias ‘Cachifo’. Este ejemplar es fotocopiado. (En Barranquilla, durante los setenta y ochenta, las novelas se editaban y después se fotocopiaban. Salvo las obras de García Márquez, nunca habían segundas ediciones) Fue editado en la Argentina en 1974 y no circuló en este país porque, sospecho, hubo problemas en el pago de la edición. “El mundo es verde y sin embargo, no hay ninguna esperanza”, decía el autor que era un conversador de maravilla. Tal vez le pasó eso, tuvo el genio en su conversación y el talento en su escritura. Se dice que ‘Cachifo’ escribió la novela con una pistola al lado y entre párrafo y párrafo hacía disparos al techo para calmar los nervios. El libro, de lectura difícil, puede ser considerado una obra de culto.

Argumentos forenses de Nelson Barros me espera. En una de sus páginas encuentro esta gran verdad: “Las falacias son hermanas de madre de los argumentos legítimos. Por eso se parecen tanto a ellos”.

Y debo hablar de la relectura que le debo a El misterio de los Buendía de Guillermo Henríquez, que va por su tercera edición. El hecho es que con las celebraciones alrededor de García Márquez, se saturó el tema. Esto me obliga a una posterior columna con más atención a este libro fundamental en la bibliografía sobre nuestro premio Nobel y el modo de ser costeño.

En esto del batallón sagrado a veces se pifia uno (o más bien el autor). Pere Gimferrer es uno de los grandes poetas en lengua catalana y castellana. Pero ¿qué puede uno pensar cuando en su libro de poemas Request nos dice: Quiero para mis labios esta piel de gladiolo, / quiero para mis brazos este cuerpo de luz, / si desnuda no vienes, que me llamen Pocholo, / si desnuda no vienes a mis labios en cruz.

jueves, 13 de septiembre de 2007

El cacique Zenú. Raúl Gómez Jattin

El cacique Zenú

Llegaron los Gómez Fernández Morales y Torralbo
con ese Cristo muerto y amenazante e incomprensible
a cambiarnos la vida las costumbres y la muerte
¿Les iría tan mal en la tierra española
que cruzaron el mar en sus canoas de vela
a venirse a vivir para siempre con nosotros?
A mi parecer son agradables y buenos
pero su Semana Santa es nuestra época floridad
y si quieren rezar que lo hagan pero que no quieran
impedirnos que vayamos hasta la ciénaga
a buscar la icotea la babilla y el pájaro chavarrí
Me gustan sobre todo los Gómez y los Torralbo
y entre ellos don Tomás de la Cruz Gómez
que aunque era canónigo sabía hablar y reír
Sabía de todo y mucho y no se metía en mis creencias
Desde que lo mataron por revolucionario
-el ejército español- y colocaron su cabeza
en una jaula de hierro a la orilla del río
no he hablado con nadie tan íntimamente como con él
Ojalá que su dios se haya acordado de su alma
Por mi parte yo he rogado a los míos para que cuiden
a don Tomás y lo hagan olvidar lo que sufrió

Hijos del tiempo (1989)
Raúl Gómez Jattin

El día del Juicio Final

"A veces he soñado que cuando llegue el Día del Juicio Final y los grandes conquistadores y abogados y estadistas vayan a recibir sus recompensas –sus coronas, sus laureles, sus nombres grabados indeleblemente en mármol imperecedero-, el Todopoderoso se volverá hacia san Pedro y le dirá, no sin cierta envidia, cuando nos vea llegar con nuestros libros bajo el brazo: "Mira, ésos no necesitan recompensa. No tenemos nada que darles. Han amado la lectura".

Cómo se debe leer un libro / El lector corriente II. Virginia Woolf.
Citado por Harold Bloom, en El canon occidental, Anagrama, 1995, página 453.

Oda a unas palomas. Nicanor Parra.

ODA A UNAS PALOMAS

Qué divertidas son
estas palomas que se burlan de todo
con sus pequeñas plumas de colores
y sus enormes vientres redondos.
Pasan del comedor a la cocina
como hojas que dispersa el otoño
y en el jardín se instalan a comer
moscas, de todo un poco,
picotean las piedras amarillas
o se paran en el lomo del toro:
más ridículas son que una escopeta
o que una rosa llena de piojos.
Sus estudiados vuelos, sin embargo,
hipnotizan a mancos y cojos
que creen ver en ellas
la explicación de este mundo y el otro.
Aunque no hay que confiarse porque tienen
el olfato del zorro,
la inteligencia fría del reptil
y la experiencia larga del loro.
Más hipnóticas son que el profesor
y que el abad que se cae de gordo.
Pero al menor descuido se abalanzan
como bomberos locos,
entran por la ventana al edificio
y se apoderan de la caja de fondos.

A ver si alguna vez
nos agrupamos realmente todos
y nos ponemos firmes
como gallinas que defienden sus pollos.

De Poemas y antipoemas (Santiago, Nascimento,1954)

viernes, 7 de septiembre de 2007

Yo pecador, confieso que prefiero... Fernando del Paso

Yo pecador, confieso que prefiero

Yo pecador, confieso que prefiero
al pozo virgen, la trillada noria,
que no te quiero pura y sin historia,
que sin altares y ángeles te espero.

Yo pecador confieso que me esmero
en no rodearte de una eterna gloria:
yo te quiero mortal y transitoria,
transitoria y mortal: asi te quiero.

Yo pecador, te quiero desflorada,
con sollozos y muslos y agonía,
con temblores y pechos, con espasmos.

Te quiero solo así, virgen de nada,
así quiero quererte y que seas mía:

con histerias y risas, con orgasmos.

Fernando del Paso
Premio Feria del Libro Guadalajara, octubre 2007

domingo, 2 de septiembre de 2007

José Watanabe, 4 poemas 4

El anónimo (alguien, antes de Newton)
Desde la cornisa de la montaña
dejo caer suavemente una piedra hacia el precipicio,
una acción ociosa
de cualquiera que se detiene a descansar en este lugar.
Mientras la piedra cae libre y limpia en el aire
siento confusamente que la piedra no cae
sino que baja convocada por la tierra, llamada
por un poder invisible e inevitable.
Mi boca quiere nombrar ese poder, hace aspavientos, balbucea
y no pronuncia nada.
La revelación, el principio,
fue como un pez huidizo que afloró y volvió a sus abismos
y todavía es innombrable.
Yo me contento con haberlo entrevisto.
No tuve el lenguaje y esa falta no me desconsuela.
Algún día otro hombre, subido en esta montaña
o en otra,
dirá más, y con precisión.
Ese hombre, sin saberlo, estará cumpliendo conmigo.

De El huso de la palabra, 1989

La oruga
Te he visto ondulando bajo las cucardas, penosamente,
trabajosamente,
Pero sé que mañana serás el aire.
Hace mucho supe que no eras un animal terminado
y como entonces
arrodillado y trémulo
te pregunto:
¿Sabes que mañana serás en el aire?
¿Te han advertido que esas dos molestias aún invisibles
serán tus alas?
¿Te han dicho cuánto duelen al abrirse
o sólo sentirás de pronto una levedad, una turbación
y un infinito escalofrío subiéndote desde el culo?

Tú ignoras el gran prestigio que tienen los seres en el aire
y tal vez mirándote las alas no te reconozcas
y quieres renunciar,
pero ya no: debes ir al aire y no con nosotros.
Mañana miraré sobre las cucardas, o más arriba.
Haz que te vea,
quiero saber si es muy doloroso el aligerarse para volar.
Hazme saber
si acaso no es mejor no despegar nunca la barriga de la
tierra.

De Historia natural, 1994


El guardián del hielo
Y coincidimos en el terral
el heladero con su carretilla averiada
y yo
que corría tras los pájaros huidos del fuego
de la zafra.
También coincidió el sol.
En esa situación cómo negarse a un favor llano:
el heladero me pidió cuidar su efímero hielo.
Oh cuidar lo fugaz bajo el sol...
El hielo empezó a derretirse
bajo mi sombra, tan desesperada
como inútil.

Diluyéndose
dibujaba seres esbeltos y primordiales
que sólo un instante tenían firmeza
de cristal de cuarzo
y enseguida eran formas puras
como de montaña o planeta
que se devasta.
No se puede amar lo que tan rápido fuga.
Ama rápido, me dijo el sol.
Y así aprendí, en su ardiente y perverso reino,
a cumplir con la vida:
Yo soy el guardián del hielo.

De Cosas del cuerpo , 1999


Poema trágico con dudosos logros cómicos
Mi familia no tiene médico
ni sacerdote ni visitas
y todos se tienden en la playa
saludables bajo el sol del verano.

Algunas yerbas nos curan los males del estómago
y la religión sólo entra con las campanas alborotando los
canarios.

Aquí todos se han muerto con una modestia conmovedora,
mi padre, por ejemplo, el lamentable Prometeo
silenciosamente picado por el cáncer más bravo que las
águilas.

Ahora nosotros
ninguno doctor o notable
en el corazón de modestas tribus,
la tribu de los relojeros
la más triste de los empleados públicos
la de los taxistas
la de los dueños de fonda
de vez en cuando nos ponemos trágicos y nos preguntamos
por la muerte.

Pero hoy estamos aquí escuchando el murmullo de la mar
que es el morir.

Y este murmullo nos reconcilia con el otro murmullo del río
por cuya ribera anduvimos matando sapos sin misericordia,
reventándolos con un palo sobre las piedras del río tan
metafórico
que da risa.

Y nadie había en la ribera contemplando nuestras vidas hace
años
sino solamente nosotros
los que ahora descansamos colorados bajo el verano
como esperando el vuelo del garrote
sobre nuestra barriga
sobre nuestra cabeza
nada notable
nada notable.

De Álbum de familia, 1971

José Watanabe (1946-2007)

Dos poemas dos de Víctor Gaviria

He oído la noticia
He oído la noticia de que la carretera
hacia el pueblo de mi padre, Liborina, será
asfaltada en el próximo año:
fue para mí como si se me borraran de golpe
todas las letras y todas las palabras
que mi padre me dicta
a través del polvo blanco que levantan los autos
al pasar,
como si nunca más mi padre me volviera a escribir
sus cartas del pasado,
en estas páginas que sólo yo entiendo,
en donde dan altas voces de alegría y secreto
las clavellinas y los pastos del verano,
en donde yo duermo y muero muchos días antes
de morir...

Retrato 1999
Estos son el padre y sus dos
hijos: un retrato de familia que parece
una rama sobre una mesa de noche.
El niño de tres años va todo el día de un piso
a otro, subiendo y bajando las escaleras,
con un libro de cuentos en los brazos,
sin nada que hacer, ignorante de juegos,
pegado a él como a una tablilla
de salvación... Mi hija de seis años con su
monedera de cachirí, regalo de una fiesta,
en donde guarda sus monedas de cobre
que parecen el cielo que cambia de ánimo
a lo largo del día: luz dorada de la moneda
valiosa de mil pesos, pálida luz de la monedilla
que no suma nada para el Tesoro...
Monedas y libros,
cuentos con láminas donde vivir y dinero
que se busca como si fuera el verdadero amor,
fotos del padre que da vueltas por la casa
sin estar quieto para el retrato...

Víctor Gaviria
De La mañana del tiempo (2003)

Gumercinda: cuanto te extiendes, y otro poema otro, de Jorge Eduardo Argüello

GUMERCINDA CUANDO TE EXTIENDES
Gumercinda: cuando te extiendes
desnuda sobre el trigal
y yo te veo desde una altura moderada
desapareces por completo.
Es que tu piel tiene el mismo color del trigo
y lo único que diviso en mi telescopio
son tus ojos
y éstos parecen
pequeñas lagunas azules
agitadas por el viento.

TUBIS TUBIRINGA
Tubis-Tubiringa
me dijo el mago Bonol.
Esa es la palabra mágica
para escribir buenos versos de amor.

De Marbeck, 1976, y Labranza de los motivos, 1983
Jorge Eduadro Argüello